Servir e tomar um mate já foram descritos como gestos de hospitalidade e amor, símbolos do que é bom e elevado na alma humana. Mas desfrutar dessa experiência da melhor forma possível exige alguns cuidados – não só na escolha de uma boa erva e no aquecimento da água até a temperatura certa, mas também no que diz respeito à “cura” ou ao “curtimento” da cuia.

Trata-se de um procedimento básico antes de matear pela primeira vez, que consiste na preparação da cuia de modo a selar os poros do material e a evitar que o sabor da infusão mude ou mesmo que o processo danifique o recipiente. O passo a passo está relacionado ao próprio tipo de material usado na fabricação de uma cuia.

As cuias mais comuns são feitas de porongo, uma planta trepadeira com folhas grandes e aparência exuberante. Esse material é extremamente poroso e de baixa densidade. Como vem cru, se não é feita a cura, o recipiente pode mofar mais facilmente, além de reter mais umidade. O objeto, assim, acaba não durando tanto quanto poderia durar.

Por isso, no post de hoje, reunimos as melhores técnicas e dicas para curtir a sua cuia. Você só vai precisar fazer isso uma vez antes de usar sua cuia nova. Vem com a gente aprender!

 

Técnicas para curtimento

Antes de vermos as técnicas de curtimento propriamente ditas, é importante sublinhar que somente as cuias de material orgânico podem ser curtidas. Além do porongo já mencionado, a madeira, o chifre e os cascos de animais são exemplos de materiais orgânicos comuns usados na fabricação de cuias. No caso de metais ou de materiais diversos como o vidro, o silicone, a cerâmica e o plástico, não há necessidade de fazer a cura.

Outro aspecto importantíssimo é a diferenciação do tipo de bebida que será consumido na cuia. Sim, se o mate for doce, o procedimento é diferente em relação ao mate amargo.  Vejamos, então, o que fazer em cada caso.

 

Cura para mate amargo – passo a passo

 

Primeiro passo

Lave bem a cuia apenas com água corrente. Em seguida, use água fervida a uma temperatura de 80°. Este primeiro passo ajuda a desinfetar o material, mandando embora poeira e bactérias.

 

Segundo passo

Deite fora a água quente e preencha o miolo da cuia com erva – você pode aproveitar a erva usada em um outro recipiente inclusive. Acrescente um pouco de água quente. Quando a erva inchar, acrescente mais água. Esse processo deve ser repetido duas ou mais vezes até que a erva encha o recipiente.

 

Terceiro passo

Deixe a mistura de erva e água descansando por dois dias. Vá adicionando água para que a erva siga úmida. No terceiro dia, retire toda essa mistura, raspando bem. Para uma limpeza mais completa, despeje água quente na cuia. No final, ela já estará pronta receber o mate!

 

Cura para cuia usando fogo

Outra técnica muito utilizada no curtimento é a que recorre ao fogo.

 

Primeiro passo

Retire a grade do fogão e ligue o fogo.

 

Segundo passo

Vá girando a cuia perto do fogo. É importante não parar com o movimento circular, pois, caso você demore para girar, a cuia pegará fogo.

Cuidado para não queimar a mão! Se achar necessário, vista alguma proteção, como as luvas de silicone comumente usadas na cozinha.

 

Terceiro passo

Dependendo do formato da sua cuia, o fogo não entrará dentro dela. Por isso, somente a borda ficará mais escura e, de fato, curtida. A solução é recorrer ao álcool.

Coloque uma colher de álcool dentro da cuia e vá girando para que a substância se espalhe pelas paredes do recipiente. Em seguida, acenda um fósforo lá dentro. Vá girando devagar para que o porongo queime uniformemente, até o álcool ser consumido por completo. Enxague a cuia com água quente. Deixe secar e ela estará pronta para uso.

Atenção! Tome todo o cuidado neste processo. Mantenha água por perto para ser usada em caso de algum problema.

 

Curar para mate doce – passo a passo

Nesta técnica, você vai precisar essencialmente de açúcar e brasas de carvão quente. Uma boa dica é deixar para fazer este procedimento em um dia de churrasco.

Ao colocar a sacarose (açúcar) em contato com o carvão, que está a uma alta temperatura, ocorre uma combustão que gera gás carbônico e vapor de água. O gás penetra no porongo numa ação semelhante à fumigação, com uma ação fungicida. Cria-se, assim, ambiente de calor que retrai as fibras da cuia, selando os poros diminuindo a entrada de água em excesso e a retenção de umidade. Vejamos o passo a passo.

 

Primeiro passo

Lave bem o recipiente, também com água fervente e filtrada.

 

Segundo passo

Depois, coloque duas colheres de açúcar na cuia – pode ser açúcar de qualquer tipo, cristal, mascavo ou marrom. Cubra a borda da cuia com a mão e agite o recipiente, para que o açúcar grude bem nas paredes do porongo.

 

Terceiro passo

Deixe a cuia secar com o açúcar por algumas horas. Em seguida, acrescente erva.

 

Quarto passo

Depois que o recipiente estiver seco, é hora de entrar com o carvão. Pegue pequenas brasas de carvão quente e coloque dentro da cuia. Cubra a entrada com uma toalha, tampa de madeira e agite as brasas.

 

Quinto passo

Vá trocando as brasas – repita esse processo duas ou três vezes para garantir uma boa cura.

 

Sexto passo

Retire as brasas e lave o recipiente novamente com água quente. Depois, encha a cuia com erva fresca e umedeça com água morna. Deixe assim de um dia para o outro e a cuia estará pronta para receber o mate doce.

 

Dicas para o dia a dia

Agora que você já sabe curar a cuia, vejamos algumas dicas para o dia o dia.

– Após tomar seu chimarrão, retirar a erva mate da cuia e lave-a internamente com água corrente. Não utilize produtos de limpeza no recipiente, nem esponjas de aço.

– Guarde a cuia em local seco e arejado, de preferência mantida de pé. Evite expor a cuia ao sol, pois isso poderá causar rachaduras e machas irreversíveis ao porongo.

– Tome seu chimarrão com água até no máximo 70 °C. A água muito quente pode causar problemas ao seu organismo.

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Até o próximo post!

Roder Cypriano

Mateando

Reza a lenda que a erva-mate teria sido dada de presente a um velho guerreiro guarani, que, com a saúde debilitada, dependia dos cuidados da filha para sobreviver, impedindo-a, assim, de se casar. O presenteador teria sido um mensageiro de Tupã, que atendeu aos pedidos do velho de voltar a ter as forças da juventude.

 

Essa história faz referência a uma das propriedades mais importantes da erva-mate: o seu papel de combate ao envelhecimento precoce e de estimulante da nossa disposição física e mental. E não tem nada de mito ou lenda nessa asserção – trata-se de propriedades comprovadas cientificamente! De acordo com pesquisas desenvolvidas pela Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, o chá de mate é um dos alimentos mais poderosos do mundo.

 

No post de hoje, nós da Mateando fazemos uma singela homenagem a esta planta tão querida em plagas sulistas, que não à toa é por aqui conhecida como a “joia verde da América Latina”. Quais as principais características, formas de consumo, curiosidades e benefícios da erva-mate? Continue a leitura e conheça o essencial sobre esta bebida que faz parte da nossa vida!

 

O que é a erva-mate?

A erva-mate vem de uma planta com caule cinza, folhas ovais e frutos pequenos de coloração verde ou vermelho-arroxeado. De nome científico é Ilex paraguariensis, ela se desenvolve naturalmente no sul do Brasil, no norte da Argentina e no leste do Paraguai e foi descrita pela primeira vez em 1820 por um botânico francês.

 

Essa planta não é consumida em seu estado natural, podendo ser comprada seca ou em formato de gotas. Ela deve passar por algumas etapas de processamento antes de chegar ao consumidor. Tais etapas envolvem o branqueamento, secagem e maturação das folhas.

 

Qual a origem do consumo da erva-mate?

A origem do consumo desta planta remonta ao séc. XVI e aos índios guarani da Argentina. Foram eles que a apresentam aos colonizadores espanhóis.

 

A palavra “mate” vem precisamente de uma palavra indígena que significa “cuia” ou “cabaça”. O nome era utilizado para denominar o recipiente onde se tomava a da infusão de folhas de erva-mate. Por extensão, passou também a designar o seu conteúdo um pouco por toda a América do Sul.

 

No Brasil, os colonizadores jesuítas foram os principais promotores do cultivo comercial do mate. A planta chegou a ser proibida no sul do país, sendo tachada de “erva do diabo”, mas aos poucos o uso passou a ser incentivado como forma de afastar os índios das bebidas alcoólicas.

 

Essa mistura cultural entre os povos nativos da América do Sul e os colonizadores europeus resultou em uma tradição local, que se difundiu pelo continente, em países como Paraguai, Argentina, Uruguai, Bolívia e Chile.

 

Quais as principais formas de preparo da erva-mate?

diferentes formas de consumir a erva-mate como bebida:

– Mate ou chimarrão é a bebida produzida com infusão em água quente, muito popular não só no sul do Brasil, mas também na Argentina e no Uruguai.

– Tererê é a bebida produzida com água fria, mais consumida no Paraguai e no centro-oeste brasileiro.

– Chá mate é o chá obtido a partir das folhas tostadas da erva-mate. É consumido em infusão ou como bebida instantânea gelada.

 

Qual a composição química da erva-mate?

Rica em nutrientes, minerais e vitaminas, a erva-mate inclui os seguintes compostos:

– xantinas, substâncias que atuam como estimulantes e incluem a cafeína e a teobromina, são encontrados no café e no chocolate;

– derivados de cafeoil, principais antioxidantes da erva-mate;

– polifenóis: outro grande grupo de antioxidantes;

– saponinas: são eles que dão aquele gostinho amargo à bebida; têm propriedades anti-inflamatórias, ajudam a reduzir o colesterol e emulsificante.

 

Quais os benefícios da erva-mate?

Como dissemos de início, a erva-mate é um dos alimentos mais extraordinários que conhecemos. Os seus benefícios são inúmeros e fica até difícil fazer um resumo, mas a gente tentou. Dá uma olhada nesta compilação:

 

– Combate o envelhecimento precoce

A erva-mate auxilia na prevenção do envelhecimento precoce, como já dissemos. Isso se dá porque as substâncias antioxidantes presentes nesta planta combatem os radicais livres, que são os grandes responsáveis por nos envelhecer. A quantidade de antioxidantes em questão é inclusive maior do que a do chá-verde, um famosinho na prevenção do envelhecimento.

Chimarrão é, por isso, um inimigo das rugas e linhas de expressão.

 

– Estimula a atividade mental, diminui o cansaço físico e mental e aumenta a concentração

Isso se deve, basicamente, à presença de cafeína. Contudo, os efeitos colaterais desta bebida são muito menores do que os do café, porque a concentração é menor – para você ter uma ideia, em 100 ml de chimarrão, a quantidade de cafeína é cerca de 13 vezes menor que na mesma dose de café, conforme você confere aqui.

 

– Acelera o metabolismo e diminui o colesterol e triglicérides

A erva-mate possui propriedades comprovadas de combate à constipação intestinal, ou seja, ao mau funcionamento do intestino. Por isso é que tomar um bom chimas depois de um churrasco pesado dá aquela sensação de alívio e de uma digestão mais agradável.

 

E sabe as saposinas que referimos na pergunta anterior? Então, presentes na erva-mate, elas ajudam a reduzir a concentração plasmática do colesterol ruim em até 12% (segundo este estudo), diminuindo a absorção intestinal de gorduras e aumentando o poder de excreção delas pelo organismo, devido a uma ação emulsificante.

 

Estudos já mostraram que a erva-mate pode também auxiliar na redução do peso corporal e de gordura abdominal – mas, claro, esse consumo deve estar associado a uma dieta saudável e a exercícios físicos. Em um estudo de 2014, os participantes que ingeriram erva-mate moída queimaram 24% mais gordura durante exercícios de intensidade moderada.

 

– Efeito anti-inflamatório

As saponinas têm propriedades anti-inflamatórias, como já dissemos. Isso ajuda a podem fortalecer o sistema imunológico e a manter-nos mais saudáveis.

Além disso, a erva-mate fornece quantidades de vitamina C, vitamina E, selênio e zinco.

 

– Prevenção de doenças

Esta pesquisa da Universidade de São Paulo concluiu que a erva-mate é uma excelente fonte de compostos bioativos, que pode auxiliar na prevenção de doenças cardiovasculares e doenças crônicas, como o câncer.

 

– Efeito diurético

O consumo de erva-mate estimula a eliminação de fluidos (água e outras substâncias), o que, consequentemente, aumenta a eliminação de sódio do nosso organismo. Isso, por sua vez, faz com que também diminua a quantidade de fluidos nos nossos vasos sanguíneos, diminuindo também a pressão arterial.

 

Falta mencionar ainda os benefícios para a alma que uma boa erva-mate traz. A propósito, em 1858, o médico Roberto Avé-Lallemant escreveu assim em sua obra “Viagem pelo Paraná”:

 

“É o mate a saudação da chegada, o símbolo da hospitalidade, o sinal da reconciliação. Tudo o que em nossa civilização se compreende como amor, amizade, estima e sacrifício, tudo o que é elevado e bom impulso da alma humana, do coração, tudo está entretecido e entrelaçado com o ato de preparar o mate, servi-lo e tomá-lo em comum”.

 

É com estas palavras inspiradoras que fechamos a nossa homenagem à erva-mate. E você, já tomou um chimas hoje?

 

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Até o próximo post!

Roder Cypriano

Mateando