Liberdade, igualdade e humanidade. Esses são os valores exaltados durante a Semana Farroupilha, a celebração que tem por objetivo cultuar as tradições gaúchas e homenagear os líderes da Revolução Farroupilha.

Tão importante que é regulado por uma lei estadual e regulamentada por um decreto, o evento mobiliza todo o estado do Rio Grande do Sul, por meio de iniciativas da Fundação Instituto Gaúcho de Tradição, do Movimento Tradicionalista Gaúcho, do setor público e também do comércio e das indústrias. Anualmente, as celebrações se estendem do dia 13 de setembro até por volta do 20 do mesmo mês, data que marca o início da Revolução Farroupilha.

Relembrar o passado é também uma forma de mantermos vivas as nossas tradições. Por isso, no post de hoje, evocamos os eventos históricos que deram origem a essa tão importante celebração do nosso estado e mostramos como a festança aconteça de norte a sul do Rio Grande. Continue a leitura e saiba mais!

Um pouco de história

A Revolução Farroupilha é um momento histórico muito importante não só para o sul, mas para todo o Brasil. Trata-se do mais longo e um dos mais centrais movimento de revolta civil do país, que durou de 1835 a 1845.

Podemos dizer que a origem dessa revolta remonta especialmente a 1821, quando o governo central passou cobrar taxas pesadas sobre a circulação de produtos rio-grandenses, como charque, erva-mate, couros, sebo e graxa. Além disso, aumentou a taxa de importação do sal, insumo importante para a fabricação do charque, principal produto comercializado pelo estado. Essas medidas do governo foram aumentando a insatisfação das elites locais.

Inspirados por ideias republicanos e liderando homens armados, no amanhecer do dia 20 de setembro de 1835, os militares Gomes Jardim e Onofre Pires entraram em Porto Alegre e declararam a separação do território brasileiro e a formação da República Rio-grandense. A esse dia, sucedeu-se uma longa série de acontecimentos e confrontos, que contaram também com a participação de escravizados e negros libertos e tiveram como protagonistas nomes como Bento Gonçalves, David Canabarro e Giuseppe Garibaldi.

A revolta terminou oficialmente com um acordo firmado entre o governo e os farroupilhas, garantindo, entre outras ações, taxação em 25% sobre o charque estrangeiro e a anistia para os revolucionários.

A primeira Semana Farroupilha

Em 1947, o estudante João Carlos D’Ávila Paixão Côrtesu e um grupo de amigos do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, de Porto Alegre, resolveu criar um Departamento de Tradições Gaúchas, com o objetivo de preservar e promover as tradições gaúchas que estavam esquecidas. Sendo assim, procuram o Major Darcy Vignolli, então responsável pela organização das festividades da “Semana da Pátria”, e expressam o desejo de participar dos festejos. Então, propuseram a retirada de uma centelha do Fogo Simbólico da Pátria para transformá-la em “Chama Crioula”, que seria o símbolo da união indissolúvel do Rio Grande ao Brasil.

O major convidou Paixão Côrtes para montar uma guarda de gaúchos pilchados tradicionalmente em honra ao herói farrapo David Canabarro. O estudante reuniu ao todo oito homens, que ficaram conhecidos como “Grupo dos Oito” ou “Piquete da Tradição”. Eles conduziram as bandeiras do Brasil, do Rio Grande do Sul e do Colégio Estadual Julio de Castilhos e retiraram a centelha que originou a primeira “Chama Crioula” e que ardeu em um candeeiro crioulo até a meia noite do dia 20 de setembro, quando foi extinta durante a realização de um baile tradicional gaúcho.

Essa pode ser tida como a primeira Semana Farroupilha. Anos mais tarde, já na Ditadura Militar, em 11 de dezembro de 1964, a Lei nº 4.850 oficializou os festejos. Essa lei foi depois alterada pela Lei n.º 8.715, de 11 de outubro de 1988 e regulamentada por decreto. O texto legal dispõe que a Semana Farroupilha celebra e homenageia a “memória dos heróis farrapos”.

As comemorações

São diversas as formas de comemoração da Semana Farroupilha. Churrascos, rodas de chimarrão, músicas, danças, comidas típicas, pilchadas, rodeio, competições de laço, rédeas, gineteadas, venda de produtos nativistas e projetos culturais marcam as atividades, que se estendem por mais de 30 regiões do Rio Grande do Sul e atraem anualmente um público estimado em mais de 1 milhão de pessoas.

O tradicional costelão no chão é um dos destaques da festa. As costelas bovinas são assadas à moda campeira, em fogo de chão. Temperadas com antecedência, elas vão para o fogo às 07 da manhã e só são retiradas por volta das 13h. Há também os tradicionais desfiles nas ruas rio-grandenses, em que as moças envergam vestidos de prenda e os homens vão de bombacha, lenço, guaiaca e chapéu.

Neste ano de 2019, o Movimento Tradicionalista Gaúcho escolheu como tema dos festejos farroupilhas o mote “Vida e Obra de Paixão Côrtes”, que faleceu em agosto de 2018. A programação completa pode ser encontrada aqui.

Bom, por hoje, é tudo! Desejamos aos gaúchos de todas as querências uma excelente comemoração da Semana Farroupilha. Ah, e já sabe: para não perder os nosso próximos conteúdos sobre a cultura rio-grandense, é só seguir também as nossas redes sociais – estamos no Facebook e no Instagram. Até o próximo post!

Roder Cypriano

Mateando