Numa série única que temos publicado aqui no blog e que traduz um movimento de valorização das nossas riquezas gaúchas, percorremos de norte a sul a bela região de Campos de Cima da Serra, infelizmente ainda não explorada como merece.

 

No post de hoje, falamos de Pinhal de Serra. Herdeira das culturas ancestrais indígenas, repleta de cenários de tirar fôlego, além de gastronomia farta e variada, esta simpática cidadezinha com menos de 3 mil habitantes oferece ao viajante um local de cultura pulsante, paz e serenidade. Continue a leitura e conheça dicas de visitação para ajudar você a preparar a sua próxima viagem!

 

Um pouquinho de história

A origem do nome de Pinhal da Serra está relacionada a um povoado que remonta ao início do século XX. Segundo o relato dos antigos moradores, a atual localidade em questão era conhecida pelo nome São José dos Tocos, devido à sua grande quantidade de tocos, e pertencia ao município de Vacaria.

Em 1920, os moradores dessas terras, juntamente com os de Serra dos Gregórios, uniram esforços para construir uma capela em honra a São José. Em razão disso e da existência de grande quantidade de pinheiros na área, o povoado passou a ser chamado de São José dos Pinhais. Em 29 de novembro de 1938, a Capela São José também passou a ser chamada de Pinhal da Serra. Após vários anos de luta, o município foi criado então em 17 de abril de 1996, mas só foi instalado em 1.º de janeiro de 2001.

Atualmente, as principais fontes econômicas do município são a agricultura, a pecuária e a produção de energia. Destacam-se as produções de feijão, milho, trigo, o cultivo de soja, a fruticultura e a horticultura.

 

O que visitar em Pinhal da Serra

 

A seguir, preparamos uma lista de lugares e atividades para quem planeja conhecer Pinhal da Serra.

 
Parque Arqueológico do Homem das Araucárias

O Parque Arqueológico do Homem do Planalto das Araucárias, criado em 2016, é composto por floresta subtropical subcaducifólia com araucárias alternadas com campos de gramíneas.

 

Resultante da construção da UHE Barra Grande, o objetivo da criação deste parque foi o de disponibilizar conhecimento produzido em diferentes áreas, especialmente as da Biociências e Geociências, por meio da “realização de exposições temáticas, de vídeos, de palestras, de estudos interdisciplinares e da museologização de sítios arqueológicos a serem abertos à visitação pública e da elaboração de roteiros turísticos ecológicos e culturais”.

 

 

Roteiro Turístico Águas da Natureza

 

Ideal para quem gosta de natureza, este roteiro é uma oportunidade de conhecer as belezas da região e desfrutar de gastronomia típica. No percurso, estão exuberantes cascatas de águas cristalinas, paisagens naturais quase nada exploradas, contato com o artesanato local, enoturismo, trilhas ecológicas e campings ao ar livre. Para agendar o roteiro, entre em contato pelos telefones (54) 8403-8404 e (54) 3584-0250.

 

Festejos Farroupilha

 

Anualmente, no mês de setembro, uma Comissão especial, juntamente com a prefeitura, o CTG, O Piquete de Laçadores do Município e uma escola pública organizam as comemorações da Semana Farroupilha. Os festejos incluem tertúlias, cavalgadas, atividades culturais e apresentações artísticas e um tradicional café campeiro.

 

Bom, por hoje, é tudo! Mas se você não conferiu os demais destinos já percorridos na nossa série sobre as belezas rio-grandenses, esta é uma boa oportunidade: veja o que dissemos sobre Bom Jesus, São José dos Ausentes e Campestre da Serra. E em breve estaremos de volta com mais um destino – para não perder o que está por vir, é só seguir também as nossas redes sociais. Estamos no Facebook e no Instagram.

Até a próxima!

Roder Cypriano

Mateando

O nome do município de Jaquirana é herança indígena e deriva do termo “yaquirana”, que em tupi-guarani significa “cigarra cantadeira”, animal existente na região. A história do local remonta a 1900, quando, durante o desbravamento e a colonização da Serra Gaúcha, ali chegaram colonizadores em busca da madeira, o então chamado de “ouro branco”. Hoje, é cidade é inclusive conhecida como a Capital da Madeira no Rio Grande do Sul.

Jaquirana está situada a 200 km da capital Porto Alegre e possui uma população de cerca de 5 mil habitantes. Com uma topografia caracterizada por montanhas, ondulações, vales, campos e áreas de mata nativa, a cidade propõe ao viajante diversos atrativos para quem gosta de natureza e aventura.

 

Dando continuidade à nossa série dedicada às belezas da região de Campos de Cima da Serra, apresentamos dicas de visitação para quem deseja explorar a região e conhecer as riquezas do nosso estado. Vem com a gente!

 

O que visitar em Jaquirana?

A seguir, preparamos uma lista de lugares e atividades imperdíveis para quem planeja explorar Jaquirana.


Cascata Princesa dos Campos

Situada no Arroio dos Novilhos, na RS 476, esta cachoeira possui paredões de pedras e cascatas com trilhas. No local, há estrutura para camping, trilhas ecológicas, piscinas naturais e um campo de futebol. Há ainda a possibilidade de prática de rapel, para quem possui os equipamentos adequados.

 

Algumas outras cascatas que valem a pena conhecer na região são: Cascata do Venâncios (situada no rio Camisas – acesso pela estrada Cambará-Jaquirana); Cascata do Funil (situada no rio das Antas – acesso pela estrada Boa Vista); e Cascata Invernada de Baixo (situada no arroio Boqueirão – acesso estrada da Boa Vista).

 

Passo do S

Localizado no Parque Estadual do Tainhas a cerca de 10 km da cidade de Jaquirana, este passeio sinuoso (daí o motivo do seu nome) consiste em uma travessia do rio Tainhas por uma trilha que atravessa um jardim de bromélias e de flores de outras espécies. Dá para fazer a travessia até a outra margem de carro, a cavalo ou a pé – são cerca de 230 metros com um percurso demarcado por estacas e uma profundidade de cerca de 10 cm. O passeio termina com a vista para uma queda d’água de aproximadamente 100 m – a Cachoeira do Passo do S. Atenção! O percurso é acidentado e não é aconselhável para carros baixos.

 

Não há custo para visitação, que pode acontecer em qualquer horário do dia. Não há local para alimentação, por isso é aconselhável levar água e alimentos na mochila.

 

Morro da Cruz

Localizado no Morro da Cruz, de onde se pode ver toda a cidade e seus arredores, está o Cristo Redentor de Jaquirana. São cerca de 100 degraus para chegar até ao topo, mas a paisagem vale muito a pena. Neste morro está também instalada a Trincheira da Revolução, com três orifícios escavados na terra, que serviam de esconderijo aos chimangos na Revolução de 1923.

 

Trilhas ecológicas e passeios a cavalo

A cidade de Jaquirana possui diversas trilhas ecológicas, passeios durante os quais pode-se passear por regiões pouco exploradas, desfrutar de ar puro e do canto dos pássaros e de uma fauna e flora extremamente ricas.

Há também empresas que oferecem passeios a cavalo, com durações variadas. No percurso, há paradas para descanso e aperto de encilhas, até a chegada a um canto apropriado para um piquenique, à beira de um rio ou ao pé de uma cachoeira. O passeio geralmente é finalizado em uma fazenda, com pausa para jantar ou pernoite. Consulte o site oficial da Secretaria de Turismo do Rio Grande do Sul para obter informações sobre as empresas licenciadas: https://www.turismo.rs.gov.br

Há ainda o atrativo dos pesque-pague – na região há o Pesque-pague Camping Recanto dos Pinhais e Pesque-pague Chácara dos Pinhais.

 

Espaço Cultural Ney Azambuja

Espécie de museu, este espaço relembra os tempos remotos de Jaquirana. Possui peças de porcelana antiga, ouro, prata e bronze. Pelo acervo, é possível reconstituir um pouco da história dos fundadores da cidade. Os objetos pertenceram à poeta Ney Azambuja, moradora de Jaquirana.

 

Onde ficar?

Uma boa opção para quem visita a cidade é ficar na Paradouro Princesa dos Campos, na Estrada Princesa do Campo, a 3 km da estrada asfaltada RS 110. À volta da pousada, há uma cascata entremeio à natureza abundante, ideal para passeios ao ar livre e trilhas.

 

Jaquirana é um local ideal para relaxar e recarregar as baterias. Para não perder pitada da nossa série dedicada a Campos de Cima da Serra, é só seguir as nossas redes sociais – estamos no Facebook e no Instagram. Até a nossa próxima!

Roder Cypriano

Mateando

Se você ama o Rio Grande, ama viajar, ama natureza e quer valorizar o seu estado, conhecendo uma região ainda pouco explorada, este post é para você!

Nele, damos continuidade à série única dedicada a Campos de Cima da Serra  e vamos parar a Lagoa Vermelha. Conhecida como a “capital gaúcha do churrasco”, com uma população de cerca de 30 mil pessoas, a cidade é formada por campos, planaltos, mata de Araucárias e montanhas e, por isso, agrada ao viajante que gosta de natureza e aventuras.  Continue a leitura e saiba por que vale a pena visitar esta simpática localidade!

Um pouquinho de história

Lagoa Vermelha é uma cidade centenária. A sua emancipação definitiva de Vacaria aconteceu em 10 de maio de 1881. Desde o séc. XVI, o território foi ocupado com gado, trazido pelos jesuítas. O caminho onde hoje se localiza a cidade foi aberto entre 1734 e 1736 e constituía parte da rota de tropeiros vindos de diversos pontos do estado.

Esses pioneiros paravam em Lagoa Vermelha para descansar antes de prosseguir viagem. Antes disso, os índios foram os primeiros habitantes da região e representavam vários ramos da tribo guarani. Já no séc. XIX, chegaram os imigrantes italianos, alemães e poloneses.

Uma lenda frequentemente associada à cidade relatava que, na época das Missões e Reduções Jesuíticas, padres perseguidos por mamelucos, procuraram esconder o seu gado e demais riquezas. Numa certa ocasião, quando estavam na iminência de serem alcançados, lançaram seus muares carregados dentro de uma lagoa que existia na região. Os animais submergiram e acabaram morrendo, e as águas se tornaram de uma cor vermelho amarelada, que nunca mudou de tom, que nunca alterou seu volume e que lembra o ouro.  Dessa lenda, resultou o atual nome da cidade.

O que visitar em Lagoa Vermelha

A seguir, preparamos uma lista de lugares e atividades para quem planeja conhecer Lagoa Vermelha.

 

Trilhas, passeios e cicloturismo

 

Como dissemos, Lagoa Vermelha está localizada em uma área privilegiada com belas paisagens naturais. Há roteiros que podem ser percorridos de diversas formas, seja caminhando ou por meio de bicicleta, jeep ou a cavalo.  Matas pouco exploradas, ar puro, formações montanhosas, rios e cachoeiras encantarão todos os visitantes.

Localizada a cerca de 30 km do centro de Lagoa Vermelha, a Cascata do Rio Inhandava é um dos destaques, sendo local apropriado para lazer e camping. O rio em questão é o mais volumoso e importante rio do município, abrigando uma cachoeira que movimentou a primeira usina do local, hoje desativada.

Para contratar um guia local, sugerimos entrar em contato com a Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desporto nos telefones 54 3358-9144 / 3358-3914.

Parque da Lagoa

Neste parque, está situada a famosa lagoa que deu origem ao nome do município, conforme relatamos anteriormente. O acesso ao parque é livre.

 

Festa Nacional do Churrasco

A Festa Nacional do Churrasco acontece bianualmente (em anos ímpares) no CTG Alexandre Pato, nos meses de janeiro e fevereiro, e é promovida simultaneamente com um rodeio internacional. Essas duas festas representam a preservação de alguns dos hábitos mais cultivados e conhecidos do Rio Grande do Sul.

A posição geográfica, a altitude, o clima e a pastagem dos campos de Lagoa Vermelha são propícios para que a carne local seja a mais saborosa do Brasil. “A excelente qualidade da carne, o corte incomparável, a tradição no preparo e o tempero singular” são diferenciais da carne servida no evento, segundo o site oficial da cidade. Para além de diversos tipos de churrasco, durante os dias de evento, há mostras de fotografia, comida e doces campeiros, além de shows e atrações culturais da região.

CTG Alexandre Pato

No Centro de Tradições Gaúchas Alexandre Pato é que se realizam as duas festas mais importantes da cidade, conforme relatamos no item anterior. O Centro é uma das maiores entidades tradicionalistas da região sul e realiza também as festas da Comida Campeira e Mostra do Doce Campeiro.

Igreja Matriz São Paulo

Esta igreja foi construída nos anos de 1951 a 1956, em homenagem ao padroeiro do município, São Paulo Apóstolo. É um belo monumento arquitetônico, principalmente no seu interior, decorado com pinturas de Emilio Zanon e vitrais vindos da França, retratando imagens da vida dos Santos. Em seu entorno, há uma pequena praça com bancos e árvores.

Bica Nossa Senhora Consoladora

Este é hoje um local de devoção e fé, que contempla no seu interior um pequeno bosque e uma gruta com a imagem de Nossa Senhora Consoladora. Inúmeros devotos visitam a bica para fazer pedidos ou agradecimentos.

Como chegar a Lagoa Vermelha

A cidade está localizada a 280 km da capital Porto Alegre. Partindo de lá, as vias de acesso são a BR 285 e a BR/RS 470. A passagem de ônibus entre as cidades custa em torno de R$ 70-80.

Bom, por hoje, é tudo! Mas se você não conferiu os demais destinos já percorridos na nossa série sobre as belezas rio-grandenses, esta é uma boa oportunidade: veja o que dissemos sobre Bom Jesus, São José dos Ausentes e Campestre da Serra. E em breve estaremos de volta com mais um destino – para não perder o que está por vir, é só seguir também as nossas redes sociais. Estamos no Facebook e no Instagram.

Até a próxima!

Roder Cypriano

Mateando

Liberdade, igualdade e humanidade. Esses são os valores exaltados durante a Semana Farroupilha, a celebração que tem por objetivo cultuar as tradições gaúchas e homenagear os líderes da Revolução Farroupilha.

Tão importante que é regulado por uma lei estadual e regulamentada por um decreto, o evento mobiliza todo o estado do Rio Grande do Sul, por meio de iniciativas da Fundação Instituto Gaúcho de Tradição, do Movimento Tradicionalista Gaúcho, do setor público e também do comércio e das indústrias. Anualmente, as celebrações se estendem do dia 13 de setembro até por volta do 20 do mesmo mês, data que marca o início da Revolução Farroupilha.

Relembrar o passado é também uma forma de mantermos vivas as nossas tradições. Por isso, no post de hoje, evocamos os eventos históricos que deram origem a essa tão importante celebração do nosso estado e mostramos como a festança aconteça de norte a sul do Rio Grande. Continue a leitura e saiba mais!

Um pouco de história

A Revolução Farroupilha é um momento histórico muito importante não só para o sul, mas para todo o Brasil. Trata-se do mais longo e um dos mais centrais movimento de revolta civil do país, que durou de 1835 a 1845.

Podemos dizer que a origem dessa revolta remonta especialmente a 1821, quando o governo central passou cobrar taxas pesadas sobre a circulação de produtos rio-grandenses, como charque, erva-mate, couros, sebo e graxa. Além disso, aumentou a taxa de importação do sal, insumo importante para a fabricação do charque, principal produto comercializado pelo estado. Essas medidas do governo foram aumentando a insatisfação das elites locais.

Inspirados por ideias republicanos e liderando homens armados, no amanhecer do dia 20 de setembro de 1835, os militares Gomes Jardim e Onofre Pires entraram em Porto Alegre e declararam a separação do território brasileiro e a formação da República Rio-grandense. A esse dia, sucedeu-se uma longa série de acontecimentos e confrontos, que contaram também com a participação de escravizados e negros libertos e tiveram como protagonistas nomes como Bento Gonçalves, David Canabarro e Giuseppe Garibaldi.

A revolta terminou oficialmente com um acordo firmado entre o governo e os farroupilhas, garantindo, entre outras ações, taxação em 25% sobre o charque estrangeiro e a anistia para os revolucionários.

A primeira Semana Farroupilha

Em 1947, o estudante João Carlos D’Ávila Paixão Côrtesu e um grupo de amigos do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, de Porto Alegre, resolveu criar um Departamento de Tradições Gaúchas, com o objetivo de preservar e promover as tradições gaúchas que estavam esquecidas. Sendo assim, procuram o Major Darcy Vignolli, então responsável pela organização das festividades da “Semana da Pátria”, e expressam o desejo de participar dos festejos. Então, propuseram a retirada de uma centelha do Fogo Simbólico da Pátria para transformá-la em “Chama Crioula”, que seria o símbolo da união indissolúvel do Rio Grande ao Brasil.

O major convidou Paixão Côrtes para montar uma guarda de gaúchos pilchados tradicionalmente em honra ao herói farrapo David Canabarro. O estudante reuniu ao todo oito homens, que ficaram conhecidos como “Grupo dos Oito” ou “Piquete da Tradição”. Eles conduziram as bandeiras do Brasil, do Rio Grande do Sul e do Colégio Estadual Julio de Castilhos e retiraram a centelha que originou a primeira “Chama Crioula” e que ardeu em um candeeiro crioulo até a meia noite do dia 20 de setembro, quando foi extinta durante a realização de um baile tradicional gaúcho.

Essa pode ser tida como a primeira Semana Farroupilha. Anos mais tarde, já na Ditadura Militar, em 11 de dezembro de 1964, a Lei nº 4.850 oficializou os festejos. Essa lei foi depois alterada pela Lei n.º 8.715, de 11 de outubro de 1988 e regulamentada por decreto. O texto legal dispõe que a Semana Farroupilha celebra e homenageia a “memória dos heróis farrapos”.

As comemorações

São diversas as formas de comemoração da Semana Farroupilha. Churrascos, rodas de chimarrão, músicas, danças, comidas típicas, pilchadas, rodeio, competições de laço, rédeas, gineteadas, venda de produtos nativistas e projetos culturais marcam as atividades, que se estendem por mais de 30 regiões do Rio Grande do Sul e atraem anualmente um público estimado em mais de 1 milhão de pessoas.

O tradicional costelão no chão é um dos destaques da festa. As costelas bovinas são assadas à moda campeira, em fogo de chão. Temperadas com antecedência, elas vão para o fogo às 07 da manhã e só são retiradas por volta das 13h. Há também os tradicionais desfiles nas ruas rio-grandenses, em que as moças envergam vestidos de prenda e os homens vão de bombacha, lenço, guaiaca e chapéu.

Neste ano de 2019, o Movimento Tradicionalista Gaúcho escolheu como tema dos festejos farroupilhas o mote “Vida e Obra de Paixão Côrtes”, que faleceu em agosto de 2018. A programação completa pode ser encontrada aqui.

Bom, por hoje, é tudo! Desejamos aos gaúchos de todas as querências uma excelente comemoração da Semana Farroupilha. Ah, e já sabe: para não perder os nosso próximos conteúdos sobre a cultura rio-grandense, é só seguir também as nossas redes sociais – estamos no Facebook e no Instagram. Até o próximo post!

Roder Cypriano

Mateando

Chimango ou Maragato? Diz-me que lenço usas e dir-te-ei quem és! Pelo menos, lá pelo final do séc. XIX era assim: o lenço usado nas plagas rio-grandenses servia para distinguir duas fações políticas com ideias opostas. Cada um desses grupos defendia formas diferentes de governar o Sul do país no contexto pós-independência de Portugal, o que acabou dando origem à famosa Revolução Federalista (1893-1895), uma luta para conquistar maior autonomia para o Rio Grande do Sul em relação à recém-proclamada República brasileira. 

 

Nessa época da Revolução Federalista, os Chimangos, que apoiavam o governo central, usavam o lenço braço, e os Maragatos, contrários à política exercida pelo governo federal, exibiam o lenço vermelho. Uma terceira cor era também utilizada: o preto, que indicava uma pessoa que passava por um período de luto.  

 

Contudo, é importante referir que muito antes do século XIX essa peça indumentária já tinha tradição em terras gaúchas. Na época das missões jesuíticas, os tecidos foram introduzidos na região e usados na fabricação de roupas, substituindo progressivamente os couros usados pelos índios. Com algumas tiras que sobravam da costura das peças essenciais, as pessoas prendiam os cabelos, afastando-os da região dos olhos, para que não atrapalhassem as caçadas e outras atividades. Alguns ainda usavam os cabelos puxados para trás, amarrado por um pedaço de tecido. Essa faixa na cabeça era denominada de “vincha”. 

 

Com o passar do tempo e o início do corte dos cabelos, essa moda deixou de ter utilidade. O pedaço de pano desceu, então, da cabeça para o pescoço e foi se popularizando progressivamente. Portanto, o lenço não surgiu como um adorno, mas, sim, como uma forma de dar serventia à vincha. 

 

Hoje, já felizmente em tempos de paz, a peça continua a estar presente na pilcha, a tradicional vestimenta do gaúcho, ocupando um lugar de prestígio e de destaque, de acordo com as regras instituídas pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG). Novas cores ganharam lugar para além do branco e do vermelho e o nó dado de diferentes maneiras ganhou diferentes simbologias. 

 

Para você que não quer fazer feio na hora de arrematar a pilcha com um toque de capricho, reunimos neste post tudo o que você precisa saber para acertar na hora de escolher o lenço e o nó da sua preferência.  Continue a leitura e fiquei por dentro de tudo! 

 

Tudo o que você precisa saber sobre o lenço 

 

Segundo o MTG,  as cores permitidas para os lenços feminino e masculino são vermelho, branco, azul, verde, amarelo, carijó, marrom e cinza. Normalmente, os lenços para adultos têm até um metro quadrado. É sempre aconselhado usar o lenço inteiro, embora muitos optem por cortá-lo ao meio, para que não fique delgado demais. Contudo, há que se ter cuidado com essa prática para que a peça não seja confundida com uma tira ou uma fita, o que não é reconhecido pelo MTG.  

 

Os pacholas devem ter especial atenção ao tamanho dos nós, respeitando a medida máximo de 25cm a partir deste; se optar pelo uso do passador de lenço, a medida pode ser até 30 cm a partir deste. Os passadores são permitidos apenas nos materiais à base de metal, couro ou osso. 

 

Abaixo, vejamos em detalhe os principais tipos des. 

 

– Republicano 

Também chamado de farroupilha” ou “crucifixo”, é usado em lenços de cores vermelha, colorada, verde, preta e preto-branca. No centro, aparece o nó farroupilha e dos lados escapam dois braços, como de uma cruz – daí também o nome “crucifixo”. Uma vez que este é considerado por muitos um dos mais belos tipos de nós gaúchos – e também um dos mais difíceis de fazer, abaixo segue a descrição passo a passo para ele: 

 

– Enrole o lenço e coloque-o à volta do pescoço; 

– Pegue uma das extremidades e faça um movimento como quem vai dar um nó, mas deixando espaço livre; 

– Pegue a outra extremidade e passe-a por dentro desse espaço; 

– Com essa mesma extremidade, faça o mesmo movimento do lado oposto, como quem vai completar um novo nó; 

– Pegue as duas partes dos nós formados e cruze-os, puxando as extremidades.  

– Faça os ajustes necessários e, pronto! eis o nó farroupilha. 

 

Segundo simples ou à moda Chimango   

Laço à moda Chimango

Este nó também pode ser dado em lenços nas cores: azul-claro, azul-escuro, verde, amarelo, branco, preto, preto-branco, verde-claro, bege, marrom, vermelho-branco, bicolor e multicor.

 

Quatro cantos, rapadura ou à moda Maragato 

Aceita-se este nó também em lenços vermelhos, colorados, pretos e preto-brancos.

Pachola

Laço Pachola

Possui duas posições, destro e canhoto, identificando, assim, o peão que o usa. Pode ser usado em lenços de todas as cores, exceto em preto e preto e branco.  

Namorado

Laço Namorando

Possui três posições dependendo de quanto os nós são afastados. São elas: apaixonado, se o nó estiver apertado; querendão, se houver espaço entre os nós; e livre, se o espaço se alargar. Pode ser usado em lenços de todas as cores. 

É importante referir que, muitas vezes por falta de conhecimento, os pacholas optam por usar lenços pequenos e com estampas coloridas, dando, de fato, a impressão de que estão usando echarpes. Muitas mulheres usam uma fita fina no pescoço ou mesmo envergam a peça na cabeça. Essas práticas não são corretas. 

O MTG chama a atenção para o fato de que a pilcha não é uma fantasia repleta de itens sem significado. Cada componente da indumentária gaúcha tem uma razão de ser por força da tradição e da história, o que é preciso respeitar. Um lenço esvoaçando ao vento é mais do que peça de vestuário; é uma marca registrada da cultura de todo um povo, é “relíquia de um tempo, herança dos ancestrais”, conforme cantou o poeta Antônio Francisco de Paula. Assim, escolha o seu nó preferido e siga as nossas dicas que você irá fazer bonito.  

Por hoje, é tudo. Para acompanhar os todos conteúdos do nosso blog e não perder as novidades, é só assinar a nossa Newsletter agora mesmo. Siga também as nossas redes sociais – estamos no Facebook e no Instagram. 

Fonte das imagens:  

https://bit.ly/2WZGkxY. Acesso em: 09 abr. 2019. 

https://bit.ly/2KnxuJi. Acesso em: 09 abr. 2019. 

Foto exclusiva de FagnerAlmeida 

 

Mateando